gradualmente fica mais e mais vazia...outrora cheia de memórias, aquele espaço fica agora "só" e oco... de nada me adianta relembrar, só esperar para criar uma nova memória...esquecer dói, mas também liberta... deixo-te ir aos poucos, calmamente, como quem não quer abandonar...deixo-te aqui à espera de outro alguém, de outro "eu"... não... como eu nunca vais ter...vai ser sempre "outro alguém"... já não te conheço, tento mas não consigo lembrar-me do que fiz aqui...pareces apertada não chegando para aquilo em que me tornei... deixa-me ir e não me faças sentir mal por isso... tenho de ir, já não sou quem era antigamente e como tal, já não sinto a necessidade do teu abrigo constante.... estás carregada e cansada de memórias, memórias que te fazem viajar em cada divisão, cada objecto, cada tábua de madeira, cada porta... ao percorrer o teu pavimento revejo-me de mil e uma formas e nenhuma me parece "familiar", vejo-me - somente no passado - e sei que essa já não sou eu .. ao percorrer-te sinto o frio do esquecido e o calor das memórias que penso reconhecer... ainda te lembras de mim se eu voltar? abres-me o portão daquele que já foi o meu mundo? o meu abrigo.... o meu refúgio... bom e mau ao mesmo tempo.. tantas dualidades já senti... neste meu refúgio ... refúgio.... lentamente me despeço do meu refúgio ...
adeus.
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